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'Perdemos uma mãe': a reação de feirantes à saída de Irmã Lourdes da cidade

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Foto: Eduardo Ramos (Diário)
Irmã Lourdes fez compras no Feirão na manhã de sexta-feira

O clima no Feirão Colonial na manhã da última sexta-feira foi de consternação entre feirantes e frequentadores. A feira foi a primeira a acontecer no Centro de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter após o anúncio da transferência da Irmã Lourdes Dill, coordenadora do projeto, para o Maranhão. A irmã esteve na feira, e foi cumprimentada e abraçada por quase todos que ali passavam. Muitos choravam ao conversar com a religiosa, que se tornou referência internacional em Economia Solidária com o Projeto Esperança/Coosperança. Ela atua na área, em Santa Maria, há 35 anos.

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- Muitos abraços. Uns choram, outros agradecem. Eu estou tranquila. Meu coração está tranquilo, aceitando essa nova etapa. Hoje é dia de muito abraço - disse a irmã.


A feirante e artesã de arte indígena Rosângela Vargas não esconde a emoção ao falar sobre a saída da irmã. Há 20 anos no projeto, Rosângela exalta a luta social e a abnegação de Lourdes.

- Somos todos filhos dela. É como se tivéssemos perdido uma mãe. Ela deixa um legado inesquecível. Criou todo esse projeto para fortalecer aqueles que têm condição de vida precária - relata.

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O agricultor Ilton Hoppe, de 56 anos, também chorou ao falar da transferência. Ele planta em Agudo e diz, com a voz embargada, ter sido acolhido pela irmã Lourdes  quando foi obrigado a parar de plantar fumo por conta de um problema na coluna.

- Aqui nessa feira é nosso sustento. Outra pessoa igual a ela é difícil existir. Ela acaba nem se cuidando dela mesma, por que ela fica cuidando do pessoal. Ela se dedica ao pessoal. O que a gente pode dizer? Eu não sei como vamos se adaptar agora sem ela. Ela era praticamente como a chefe da família. A gente fica sem palavra - diz.

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O impacto é o mesmo para integrantes mais jovens do projeto. A cantora e saboeira Paola Matos participa do Feirão há cerca de um ano. Ela considera a transferência da religiosa de 70 anos cruel. Existe também a preocupação com a continuidade do trabalho.

- Ninguém mais tem certeza do que vai ser daqui para frente. A gente vai fazer o que pode, mas a mão da irmã é o que levantava tudo. Ela que articula tudo, faz isso aqui andar da melhor forma possível - relata Paola.

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A visão é semelhante entre os frequentadores mais assíduos. Jane Cláudia Jardim Pedó, de 60 anos, é assistente social, professora universitária e pesquisa Economia Solidária. Ela definiu Irmã Lourdes como uma pessoa acolhedora, que entende o outro pelo olhar. 

- Ela é a nossa força. É tanta gente que ela conseguiu resgatar da miserabilidade. Hoje, as pessoas conseguem dignidade por meio do trabalho. O trabalho é tudo. A saída dela vai prejudicar o trabalho. Já fiz muitas pesquisas com consumidores, produtores. Ela é a pessoa que dá a força para caminhar na perspectiva de uma sociedade mais justa e igualitária - disse.

Agora, o trabalho da irmã Lourdes entra em um período de transição de três meses. A saída definitiva de Santa Maria, que foi ordenada pela Congregação das Filhas do Amor Divino, a qual ela integra, está marcada para o começo do mês de abril de 2022.


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